Encontro discute situação do deficente no Brasil
18/12/2006 - 00:17:20  
  
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Paslestras e debates marcaram o evento

Por Aline Moreira

Um marco histórico para o estado do Piauí. Assim pode ser definido o 14º Encontro Nacional de Entidades de Deficientes Físicos – “Por um Brasil Acessível e Para Todos”, que acontece desde sábado, 16 no Luxor Hotel e encerra hoje, 18. É a primeira vez que o encontro acontece no Piauí, por isso a importância do evento, que se dá em um momento de tantas transformações positivas para as pessoas com deficiência do estado.

Mais de 250 pessoas de 15 estados do país participam do encontro, além de todas as entidades de apoio a PCDs da capital. “Este encontro vai fazer um levantamento sobre os avanços da acessibilidade em todo o país”, revela Mauro Eduardo, gerente de articulação da Ceid e um dos organizadores do evento.

Além disso, Mauro afirmou que será elaborado um documento com as principais reivindicações colhidas durante o evento e que será encaminhado ao presidente Lula e ao Congresso Nacional para a garantia dos direitos da pessoa com deficiência.

Mesas redondas, palestras e debates fizeram parte dos trabalhos que contaram com a participação de profissionais, prestadores de serviços e gestores de várias regiões do Brasil, avaliando as ações positivas e as que precisam ainda de aperfeiçoamento no atendimento às PCDs e suas famílias.

MERCADO DE TRABALHO- Em sua palestra, “Empregabilidade no setor de telesserviço”, o consultor de empresas no setor de telesserviços de Florianópolis-SC, Laércio Ventura, defendeu que a empregabilidade para PCDs ainda é insuficiente porque falta aproximação entre as empresas e o terceiro setor. “Deficiência acabou virando cargo, porque tem muita empresa que só contrata PCD para cumpri a lei de cotas, que obriga contratar pcd, para não receber multas”.

Mas ele, que é cadeirante, garante que houve avanços no setor empregos em todo o país. Ele cita o caso do estado de São Paulo, onde existem mais de 300 empresas autuadas e cerca de 20 que foram multadas por não cumprirem a lei de cotas. Vale ressaltar que a multa pode chegar a R$ 15 mil.

Se para o deficiente físico é difícil conseguir vaga no mercado de trabalho, para o deficiente mental as barreiras são ainda maiores. “Mas existem possibilidades, sim. Por exemplo, eles podem ser empacotadores e entregadores em redes de supermercados ou mesmo trabalhar em cooperativas”, afirma.

E completa. “Dentro do RH (Recursos Humanos) tem que acabar com os pré-requisitos. O que deve ser avaliado é a capacidade laborativa dentro da empresa, a potencialidade da pessoa e não a falta de um membro”, frisa.

REPRESENTATIVIDADE- A deputada estadual do Pará, Regina Barata, palestrou sobre o tema “A importância das pessoas com deficiência no Parlamento”. “Enfatizo dois aspectos: tanto as PCDs devem estar dentro do parlamento ocupando cargos políticos, como elas também devem ser representadas com eficiência no parlamento”, destaca.

Deficiente física (não tem uma das mãos), e já em seu quarto mandato, a deputada defende que tudo é uma questão de oportunidade e que o poder público não pode permitir que as PCDs sejam excluídas pelas suas deficiências. “Hoje são 14 deputados em todo o país com algum tipo de deficiência, sendo 3 federais. O movimento das PCDs já existe há pelo menos 25 anos, é emergente, mas que já conseguiu muitas conquistas na educação, saúde, protetização, mercado de trabalho, etc. As leis para PCDs no Brasil são avançadas. O cumprimento é que ainda é ineficiente”, explica.

A deputada conclui dizendo que as PCDs não podem ser vistas como dados e sim como pessoas detentoras de direitos. “Isso é fazer política. E o parlamento é o viva voz destas pessoas”, finaliza.