
Jackson e Sandra Barros um exemplo do papel positivo da educ
Por Ubiracy Sabóia
A educação é o caminho de acesso para uma vida melhor. Isso se aplica a qualquer pessoa, mas quando se trata de uma pessoa com deficiência esse acesso deve ser observado com uma atenção mais especial. Felizmente é crescente o processo de conscientização da sociedade sobre a importância do acesso à educação inclusiva para a pessoa com deficiência.
Alguns obstáculos começam a ser superados. O assunto ganhou repercussão nacional com a novela Páginas da Vida, que discute a dificuldade de uma mãe (Helena – vivida pela atriz Regina Duarte) em matricular numa escola comum sua filha Clara, que tem síndrome de Down.
O acesso à educação é uma garantia constitucional e o Piauí está avançando neste sentido, principalmente depois de uma parceria estabelecida entre a Ceid (Coordenadoria Estadual para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência) e a Secretaria Estadual da Educação. Professores da rede estadual de educação estão sendo preparados para poder atender alunos com deficiência mental, auditiva e visual. As escolas também estão sendo adequadas para garantir a acessibilidade da pessoa com deficiência física. Isso vai permitir que mais famílias alfabetizem suas crianças.
“Nós estamos trabalhando para que possamos atender o maior número de crianças com deficiência, oferecendo inclusive a complementação educacional com o apoio pedagógico especializado, justamente para suprir as dificuldades”, Regiane Moraes, coordenadora de Educação da Ceid.
O reflexo dessas ações começa a ser verificado com o número de matrículas. No ano passado foram matriculados 7.838 alunos com algum tipo de deficiência nas escolas conveniadas e escolas públicas. Segundo a professora Ana Rosa Rodrigues de Sousa, Gerente de Educação Especial da Secretaria de Educação, neste ano estão sendo atendidos mais de 10 mil alunos.
A professora avalia que a educação para crianças com deficiência evoluiu bastante no Piauí, apesar de alguns obstáculos. “Nos últimos anos a qualidade e a oferta no ensino especial melhoraram”, disse.
Ela ressaltou que existem algumas escolas que recebem alunos com deficiência visual, auditiva e mental. “A meta da Secretaria é que possa capacitar e atualizar mais os professores para dar o atendimento de mais qualidade na educação especial”, frisa.
Uma novidade para o próximo ano será a criação do Núcleo de Atividade de Autas Habilidades/Superdotação (NAAH/S), que segundo a professora, visa dar uma educação adequada a quem está acima da média de inteligência e capacidade de aprendizado.
Uma saída para a educação especial
Além da preparação das escolas e profissionais para atendimento dos alunos com deficiência, o Estado oferece também a preparação para os alunos com um pouco mais de comprometimento, através do Centro de Reabilitação Ana Cordeiro, para que eles possam ser incluídos no ensino regular.
O Centro foi a saída para Maria Ivonilde Carvalho Lima, mãe da esperta Graziele Carvalho Moreira, de 10 anos. “Aqui a Graziele está tendo oportunidades de se desenvolver”, explica. Ivonilde Carvalho disse que sua filha é hiperativa e tem dificuldades de aprendizado. Ela afirmou que a educação especial e o atendimento diferenciado fizeram com que o rendimento escolar de Graziele tivesse um melhora significativa.
É o mesmo caso de Adriano Ferreira, de 19 anos, que também estuda no Ana Cordeiro. Ele tem paralisia cerebral e há oito anos está no Centro de Reabilitação. “Eu gosto muito das aulas de pintura e de informática”, disse.
A mãe de Adriano, Maria de Jesus Ferreira da Silva, destacou que o desenvolvimento dele se deve à educação especial. Ela afirmou que desde quando era bebê Adriano sempre foi estimulado. “Quando morávamos no Pará, o Adriano era atendido pela Apae”, ressaltou. Ela coloca como muito importante necessidade da educação especial como forma de proporcionar o desenvolvimento da pessoa com deficiência.
Jackson Barros, de 11 anos, é outro aluno atendido na escola. A mãe dele, Sandra Barros, é professora no local. Ela defende que a educação das crianças deve ser feita de acordo com as suas aptidões. “Deve-se desenvolver da criança a partir de suas aptidões para que se fazer um trabalho paralelo para a educação formal”, ensina.
Ela explicou ainda que cada criança tem seu ritmo de aprendizado e isso deve ser levado em conta no processo de educação. “Não se deve impor que as crianças com deficiência tenham que acompanhar o ritmo da escola normal”, destacou.
A diretora do Ana Cordeiro, professora Margarida Rego Nunes, ressalta que todo o trabalho é feito de acordo com o grau de deficiência do aluno e lembra que é importante a participação da família no processo de aprendizagem. “Por isso que a estimulação do bebê é fundamental para o seu desenvolvimento”, informa.
Ela afirmou que o atendimento da educação especial está melhor e a tendência é ficar cada vez mais abrangente.
Oferta de vagas será ampliada
O Ana Cordeiro é um centro especializado e hoje oferece atendimento em Educação Infantil e Ensino Fundamental (120 alunos), autistas (57), estimulação precoce (57) e atendimento especial (95), além de educação de jovens e adultos (99), preparando os alunos para a inserção na escola regular.
Mas, nos próximos meses o Estado terá condições de dobrar sua capacidade de atendimento ao acesso à educação de pessoas com deficiência. Isso por que, com a implantação do Centro Integrado de Educação Especial, o Ana Cordeiro vai se tornar, especificamente, um centro de educação de jovens e adultos, inclusive com o foco profissionalizante.
Todas as crianças de até 14 anos hoje atendidas no Ana Cordeiro serão atendidas no Centro Integrado. Com isso será dobrado o número de vagas.