Ex-aluna da rede estadual será primeira pedagoga surda do Piauí
22/06/2016 - 08:12  
  
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Elizabeth Coelho, Kelly Lemos e Diego Herbert (Intérprete)
Um exemplo de superação e força de vontade, a ex-aluna de escola pública, Kelly Lemos, será a primeira pedagoga surda do Piauí. Aprovada com 9,5 no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), Kelly aguarda ansiosa o mês de outubro quando receberá o tão sonhado diploma.

Ex-aluna da Unidade Escolar Paulo Ferraz e professora do Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas Surdas (CAS) há dez anos, ela ingressou no ensino superior graças ao Programa Universidade para Todos (PROUNI). Kelly é exemplo para os demais alunos da rede estadual que também são surdos e sonham em fazer um curso superior.

Aos 35 anos, Kelly, que tem surdez total, se comunica através da língua de sinais (libras). Durante o curso, a aluna contou com uma intérprete em Libras em uma sala de apoio no turno da tarde e a noite ela assistia as aulas com os demais alunos, uma rotina muito cansativa, segundo a mesma.

Kelly nasceu ouvindo, mas aos seis meses sofreu o efeito colateral de um medicamento perdendo a audição. Mesmo assim, nunca deixou de lutar pelos seus sonhos.

"Lutei muito e passei por dificuldades, que todos passam, mas que eram agravadas pela falta de um intérprete no primeiro momento. Sou prova de que uma pessoa surda pode conquistar seus objetivos, como os ouvintes, pois somos capazes de servir a sociedade e ter empregos que requerem mais qualificação, para isso necessitamos apenas de oportunidade", relata a pedagoga.

Seu TCC aborda o bilinguismo como proposta educacional, bem como discute a importância da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e da Língua Portuguesa (Língua escrita) na escola bilíngue e nas classes bilíngues para surdos. Seu sonho é ser aprovada em um concurso público, ser professora e coordenadora pedagógica.

A coordenadora pedagógica do CAS, Elizabeth Coelho, é só elogios à Kelly tanto profissionalmente com pessoalmente. "Ela contribui de maneira exemplar na parte pedagógica e na prática. Nós acreditamos tanto nela que a designamos para o curso de libras avançado, foi um sucesso", conta

A inclusão das pessoas com deficiência começa ainda na escola e a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) tem trabalhado para que os jovens consigam ingressar em um curso superior e se inserir no mercado de trabalho.

Na rede estadual, o aluno deficiente auditivo, por exemplo, tem direito a duas matriculas, uma na escola regular e no contraturno ele deve ser inscrito nas salas de atendimento educacional especializado (AEE), que são encontradas em diversas unidades.

Já no Centro de Atendimento às Pessoas com Surdez são trabalhados tanto os cursos de formação, quanto o atendimento educacional especializado dos deficientes auditivos. Os cursos são oferecidos para profissionais, assim como para a comunidade. Hoje, o centro recebe 300 pessoas por semestre nos cursos de formação.

Por Ascom Seduc