Por Elza Muniz

A necessidade de tratamento em reabilitação física no Piauí tem levado centenas de pacientes com algum tipo de comprometimento motor a buscarem o tratamento em capitais como Recife, São Luis, Brasília e Fortaleza. Cerca de 30% dos 300 mil que são investidos, mensalmente, em tratamento fora de domicilio (TFD) pela Secretaria de Saúde, hoje é direcionado para reabilitação física. Mas essa realidade deve mudar até o final desse semestre quando começa a funcionar o Centro Integrado de Reabilitação do Piauí.

Entre as principais causas que levam os pacientes buscarem tratamento em reabilitação física fora do estado estão doenças como paralisia cerebral, mielomeningocele e sequelas de traumas na coluna e no crânio. Casos como o do aposentado Ezequias  Ferreira Melo, de 52 anos, que por causa de um acidente de moto, fraturou a 5ª vértebra da coluna ficou paraplégico. Há dois anos ele ficou paraplégico e hoje viaja mensalmente para fazer tratamento no Sara Kubitschek de São Luis, através do TFD.

“Fico aliviada em saber que aqui em Teresina em breve também terá um Centro de Integrado de Reabilitação física como o Sara de São Luís. A viagem é muito difícil, sem falar nas despesas que não precisaremos ter em outra cidade, como hospedagem, táxi, essa é uma das melhores notícias que recebi esse ano”, diz dona Teresina Alves, que é esposa de seu Ezequias que faz tratamento em São Luis.

Mais de 60% dos casos enviados para tratamento fora de domicílio são de crianças. É da jovem Maria Vitória Araújo, de 4 anos,  que tem paralisia cerebral, mora na Vila Bandeirante, em Teresina, e está com viagem agendada para o final deste mês para fazer tratamento de reabilitação física no Sara Kubitschek de São Luis. “É muito difícil ter que viajar todo mês, ter despesas longe de casa, por isso estou torcendo para que o Centro Integrado de Reabilitação do Piauí  seja inaugurado pois a vida da gente vai melhorar”, diz a avó de Vitória, Elemir Passos Lima.

A maior parte dos pacientes que fazem reabilitação física fora do estado através da Coordenação de Tratamento Fora do Domicílio, da Secretaria de Saúde, buscam tratamento para paralisia cerebral.  É o caso do goroto Caio dos Santos Rocha, que tem seqüelas de paralisia cerebral, mora em Teresina e faz tratamento na AACD de Recife

Tratamento fora onera orçamento familiar

O tratamento fora da cidade onde o paciente mora onera tanto o orçamento da família que vai buscar tratamento fora quanto o os cofres públicos que desembolsam o custeio das passagens e da hospedagem do doente em tratamento. É o caso do paciente Francisco das Chagas Claudenes, que tem mielomeningole, mora em União e faz tratamento no Hospital Sara Kubstech em São Luis, no Maranhão.

O Centro Integrado de Reabilitação que está sendo construído em Teresina é um projeto da Coordenadoria Estadual para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (Ceid), em parceria com a Secretaria de Saúde (Sesapi) e que vai oferecer atendimento completo em reabilitação física. “Sei o que representa esse centro para as famílias que tem alguém precisando desse tipo de tratamento, pois já precisei para minha filha Daniele desse tratamento e tive que buscar em outra capital e via o sofrimento das famílias”, diz a coordenadora da Ceid, Rejane Dias.

De acordo com a coordenadora do TFD, no Piauí, Conceição Araújo, as despesas com TFD poderiam ser sanadas com políticas públicas em reabilitação, pois grande parte dos pacientes vem ao nosso serviço procurar uma alternativa de apoio aos grandes centros de reabilitação do nosso país como a rede Sara Kubstechck  e a AACD.  “Por isso a criação de um centro de reabilitação aqui representa um avanço inestimável para a reabilitação no estado”, diz.

O Centro Integrado de Reabilitação, que está sendo construído em Teresina em frente a maternidade Dona Evangelina Rosa, no bairro Ilhotas,  via funcionar, nos moldes de grandes centros de reabilitação física como AACD e Sara Kubitschek. “O centro deve funcionar como o coração da rede estadual de reabilitação que está sendo implantada em 33 pontos do estado”, explica o coordenador de gestão da Ceid, Francisco Alencar.